Boa noite Senhores do Milhão. A Luta Continua!
Atenção: Esta é uma obra de
ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida
real terá sido mera coincidência
Para quem
não leu a Parte 1 do texto, convido-lhe a clicar neste link antes de finalizar
a leitura desta postagem. Clique aqui para ler a parte 1.
Como citado
no texto anterior, neste novo empreendimento Alberto não tinha analisado todo o
cenário macroeconômico e realizou todo seu planejamento financeiro já baseado
no seu fluxo de caixa futuro, baseado nas últimas boas experiências de vendas rápidas,
devido ao crédito abundante do mercado imobiliário.
Quando
iniciado este novo empreendimento, Alberto já estava um pouco preocupado,
afinal, mesmo já tendo anunciado a abertura de venda com as imobiliárias
parceiras, tendo divulgado também em vários canais de comunicação, a procura
estava muito abaixo do que ele esperava, e ao já iniciar a obra, ao contrário
do prédio anterior, ele não contava com 30%
das unidades já vendidas, afetando então seu fluxo de caixa.
Sabendo do
alto custo dos juros mensais, Alberto não teve dúvidas: Além da sua equipe de
construção, contratou uma empresa construtora conhecida para agilizar a
construção e entrega do prédio. O objetivo era iniciar e entregar as unidades o
mais rápido possível, para assim receber o dinheiro da venda de todas as
unidades, e quitar o financiamento dos juros do banco.
Apesar de
ter sido informada uma taxa pelo gerente de seu banco, Alberto estava muito
assustado pois, diariamente, ao acessar a sua conta bancária, ele descobria que
o saldo devedor tinha aumentado muito em relação ao dia anterior. Eram os
famosos ‘juros sobre juros’ do financiamento
bancário atuando contra Alberto.
O seu alto custo de vida, somado aos juros que agora pagava mensalmente e ao fluxo de caixa sem entradas, estavam deixando Alberto muito preocupado, mas ele decidiu seguir adiante ‘até onde o dinheiro durasse’ na construção do prédio, até pensando que isto facilitaria a venda, tendo algo já pronto.
Ledo engano
...
A crise econômica já tinha chegado ao Brasil, com o
desemprego elevando-se a cada semana, empresas reduzindo investimentos e outras
já não conseguindo pagar os juros de suas respectivas dívidas.
O alto
estoque de metro quadrado, com novas unidades iniciadas nos tempos de bonança
financeira, sendo entregues neste novo mundo da crise
imobiliária, também prejudicavam muito as suas tentativa de vendas, com
a concorrência elevada e preços abaixando a cada dia.
O seu custo
de construção, considerando os juros pagos pelo financiamento, estavam subindo a cada mês, sendo
impossível a ele reduzir o valor dos imóveis, se quisesse manter a sua generosa
margem de lucro.
E já no
início da fase de acabamento, uma das fases onde mais se gasta dinheiro com
menor tempo, a fonte secou: Alberto estava sem caixa para realizar novos
pagamentos e para a compra dos produtos de acabamento, tendo dificuldades
inclusive para honrar com os próximos pagamentos de seus passivos comprados com financiamentos, aluguel da loja
no centro da cidade, e principalmente dos juros pagos ao banco.
Alberto
não teve escolhas:
Teria que reduzir na marra seus custos fixos e
conseguir capital para findar a obra, e receber os primeiros pagamentos.
Começou
vendendo seus dois veículos, e comprando um Gol básico, 2 portas, sem ar
condicionado, sem vidros elétricos, para pagar parte das dívidas e conseguir comprar o material restante de
acabamento.
Já neste momento, ele tinha alterado a proposta de compra de melhores materiais de acabamento, alterando o padrão dos imóveis para algo bem mais simples do que inicialmente proposto.
Por não ter
tido ainda a venda das demais unidades, reduziu drasticamente o preço dos imóveis, num valor
que ainda teria lucro,
mas, considerando o custo do dinheiro empregado para construção com os juros exorbitantes que se tornavam maiores a cada mês,
era praticamente fechar a obra para
pagar o financiamento e se recompor financeiramente antes da próxima obra.
Com a
redução drástica no preço, conseguiu realizar a venda de 6 das 16 unidades, e com
a entrada de capital novo, ele, neste momento trabalhando praticamente sozinho
com poucos ajudantes, conseguiu capital suficiente para segurar os custos fixos
mensais e avançar com a obra, mas, mais uma vez, o capital não foi o suficiente
para finalizar toda a obra, com cerca de 90% da obra concluída, mas ainda com
itens faltantes.
O objetivo
de Alberto neste momento era conseguir finalizar o imóvel a qualquer custo,
pois ele havia recebido somente o valor de entrada dos seus imóveis, e,
conseguindo finalizar a obra, ele receberia os 80% finais das 6 unidades
vendidas, o que lhe daria fôlego financeiro para fechar a obra.
Tentando
reduzir seus custos, tentou em vão renegociar o valor do aluguel pago, mas o contrato atípico realizado que
garantia o pagamento ainda por alguns anos não possibilitou o cancelamento ou
redução, devido a uma alta multa estipulada em contrato, onde o dono do imóvel
não aceitou alteração.
A casa
luxuosa adquirida, marca de seu status, não poderia ser vendida, e a liquidez
também era baixíssima! Como usou parte em recursos do FGTS, a casa somente
poderia ser vendida à vista, logo, seria extremamente complicado se desfazer do
luxuoso imóvel para quitar as dívidas.
O baque de
ter se desfeito de seus dois veículos de luxo tinham sido muito fortes, e os
amigos de festas já não estavam tão próximos neste momento conturbado vivido
por Alberto.
Reduziu
ainda mais o preço de algumas unidades, conseguindo vender mais 6 unidades, ganhando novo fôlego para
avançar com as obras, ficando em torno de 96%
concluído, mas ainda não sendo suficiente para obter o Habite-se, que é a documentação necessária para que os
compradores pudesse realizar o financiamento dos imóveis pela Caixa Econômica
Federal.
Além disto,
o valor para regularização final dos imóveis era considerável, e ele não
dispunha deste capital, entrando em um grafo: Ele precisava de mais dinheiro
para completar o pagamento dos impostos e concluir os 4% restantes da obra para assim receber o valor de venda, mas sem
este dinheiro ele não conseguia avançar, e a cada mês a sua situação financeira
se complicava ainda mais.
Foi então
que decidiu tomar um empréstimo pessoal a taxas absurdas para tentar finalizar
os 4% finais da obra, mas, já nesta fase, recebeu o aviso de entrada de um dos
compradores na justiça contra a sua empresa, alegando que o prazo estimado para
a entrega já estava com grande atraso. Os demais compradores começaram a fazer o
mesmo ...
Agora, além
de todos os gastos, Alberto ainda estava sendo processado, e um novo gasto
teria que ser adicionado em suas contas: Advogados.
Alguns
moradores mais estressados resolveram se mudar para o imóvel, mesmo ainda
faltando os últimos ajustes, pois alguns tinham perdido o emprego e não
conseguiam mais bancar os aluguéis, e entraram a força nos imóveis ainda
inacabados.
E em
paralelo, começou a perder na justiça os primeiros processos, sendo obrigado a
arcar com o aluguel de alguns moradores, e a
pagar danos morais.
Empregados de
sua empresa também entraram com processos, pois o salário começou a atrasar, e
alguns funcionários contratados sem a carteira assinada também o acionaram na
justiça, e com as provas que tinham em mãos, era certeira a derrota de Alberto na justiça
...
Sua casa
luxuosa foi a leilão.
Seus outros
bens foram também leiloados.
Seu nome
ficou sujo.
E seus
amigos, bem, seus ‘amigos’ sumiram ...
Hoje
Alberto só tem um plano em mente: Voltar ilegalmente aos Estados Unidos.
Resta saber
como ele conseguirá pagar novamente os ‘coiotes’ ...
...
Resumo da História: Muito cuidado antes de alavancar (usar empréstimos) para obter lucros, em quaisquer atividades. Não dê passos maiores que a perna, e mantenha sempre seus custos fixos baixos. Não faça como o Alberto!
Um abraço e
ótima noite!
VDC – VIVER DE CONSTRUÇÃO
boa, curti a moral da história.
ResponderExcluirserve para quem está iniciando, mas para os já velhos de guerra também hehehe
Com certeza MP, serve de exemplo para o que nao fazer, principalmente em manter a simplicidade e nao alavancar nunca. Abs
ExcluirOlá VDC,
ResponderExcluirParabéns pela estória.
Da para aprender muito com esses dois post que você escreveu.
Abraços.
Valeu CI,
ExcluirAlavancar e viver de forma acima das capacidades financeiras nao poderia gerar outro resultado.
Abraco
Tem muito empreiteiro nesta situação, pagando a obra anterior com a nova. Tinha configurado para receber avisos quando comentassem no blog, mas parece que não deu certo, acabei não visualizando e só fui liberar agora. Obrigado pelos comments!
ResponderExcluirOlá Guilherme,
ExcluirVerdade … Conheço alguns 3 pelo menos nesta situação.
Sou fã do seu blog já rs, passarei lá sempre que tiver tempo e postagens novas.
Abraço
VDC,
ResponderExcluirÉ meu caro ... o prejuizo machuca.. mas a alavancagem mata! Tem que ser um puta gerenciador de risco ....
Abs,
Amigo Rodolfo,
ExcluirSão raros os casos onde a alavancagem dá certo. As empresas podem trabalhar alavancadas, claro, mas pessoa física alavancar, ou empresa pequena ... O risco é muito alto.
Eu prefiro não alavancar e andar com passos do tamanho da minha perna rs.
Abraço
Conheço um cidadão que só opera alavancado. O cara é empresário, ganha rios de dinheiro e joga tudo na bolsa. Já quebrou 3 vezes operando alavancado e continua operando desta forma. Tem gente que não aprende nunca!
ResponderExcluirOlá IR,
ExcluirEstas histórias de gente que quebrou na bolsa alavancando e que se reergueu é pura balela, ou alguém que é tão sortudo que ganharia na mega sena fazendo apenas um jogo de 6 números.
O que enriquece é trabalhar, e empréstimo significa que seu lucro será repartido com outras instituições.
O melhor: Dar o passo do tamanho da perna (não alavancar) e viver simples, claro.
Abraço
Sim... esse cara é empresário... ele se reergue sempre com a empresa dele que é sólida e lucrativa... só que perde tudo na bolsa... pra mim ele é doido... kkkkkkkkk
ExcluirVixi VDC,
ResponderExcluirQuando desgraça pouca é bobagem!
Mas pior que esse é um caso bem realista que inclusive pode ter acontecido com alguém nos últimos anos.
Abraço.
Olá KB,
ResponderExcluirInfelizmente, é a realidade de muitos construtores, e até de empresas grandes incorporadoras ... Alavancagem quebrou!
Abraço